Crítica 2 | Back to Black – Cinebiografia de Amy Winehouse Faz Recorte Generoso da Conturbada Vida da Cantora | CinePOP Cinema

Crítica 2 | Back to Black – Cinebiografia de Amy Winehouse Faz Recorte Generoso da Conturbada Vida da Cantora

Amy Winehousefoi um foguete que alçou voo e explodiu em um intervalo muito curto de tempo. Mesmo quem não acompanhou a carreira dela de perto ouviu suas músicas ou ficou sabendo pela mídia sobre sua vida caótica. A contragosto, a vida pessoal de Amy Winehouseofuscou muitas vezes o seu talento, que era fora do comum, e concorreu de perto com as manchetes dos jornais. Tudo sobre Amyera intenso, imprevisível, profundo, passional, e esse furor que chega a partir dessa semana nos cinemas brasileiros com a cinebiografiaficcional ‘ Back to Black’.

Amy( Marisa Abela, em seu primeiro papel grande) não tinha nem dezoito anos e já cantava muito. Sua voz encantava principalmente à sua família – seu pai Mitch( Eddie Marsan, de ‘ Downton Abbey’) e Nan( Lesley Manville, de ‘ Sra. Harris Vai a Paris’) –, e acaba chamando a atenção de empresários, dispostos a lançá-la mundialmente. Apesar de gostar de cantar e sentir a necessidade de compor, Amynão tinha nenhum interesse por fama ou estrelato, e começa a encontrar dificuldades para performar do modo como seus empresários esperam. No meio disso tudo, conhece casualmente a Blake( Jack O’Connell, de ‘ O Amante de Lady Chatterley’), e imediatamente se apaixona perdidamente por ele, mesmo o rapaz tendo uma namorada. Começava ali a grande e tóxica história de amor entre os dois, que levaria à composição do mais famoso álbum de Amy, ‘ Back to Black’.

Matt Greenhalghaté então tivera trabalhos pouco expressivos como roteirista, mas ficou a cargo do roteiro de ‘ Back to Black’, o que já levanta a desconfiança. Para a cinebiografiade uma personalidade tão caótica quanto Amy, Mattfaz um recorte interessante sobre a vida da biografada: começa na adolescência ingênua da jovem Amy, percorre o início de carreira e concentra sua narrativa no relacionamento (pro bem e pro mal) dela com Blake, nos impactos que teve na sua vida pessoal e artística, e finaliza dando pouca luz ao auge da carreira da cantora. Ou seja, constrói uma jornada da pureza ao luto, ao fundo do poço que fez com que a cantora compusesse o ‘ Back to Black’. Ao optar por demonstrar os eventos pessoais que se conectam com as canções, o filme acaba fazendo um recorte seletivo da vida da biografada, colocando Blakecomo o grande vilão e deixando a família e os empresários como mero espectadores da vida de Amy. Um problema crucial é a passagem de tempo (o filme abraça um período de cerca de dez anos), que não fica clara com o desenrolar dos eventos e confunde muitas vezes sobre a sequência dos fatos.

Sam Taylor-Johnson(que dirigiu ‘ Cinquenta Tons de Cinza’) faz planos interessantes para usar a luz em favor do rosto de sua protagonista, dando ênfase às tomadas de perfil e de cima, que acentuam o nariz e os cabelos da personagem. Ao mesmo tempo, faz uma escolha consciente de não retratar a decadência (física, psicológica, emocional) de Amy, permitindo que os únicos detalhes da caracterização que indicam o caos na vida da biografada fossem um cabelo bagunçado e uma maquiagem escorrida. A realização de uma produção positiva sobre Amy(que opta por não dar ênfase às inúmeras crises emocionais, às cenas de consumo de drogas, às múltiplas violências sofridas e causadas por Amy), que resume seus problemas à dependência alcoólica e a codependência tóxica por seu marido Blakesuaviza o que de fato foi o turbilhão vertiginoso chamado Amy Winehouse.

Marisa Abelase dedica ao papel, mas por muitas vezes não nos desconectamos da realidade de que estamos vendo um filme (o que, para uma cinebiografia, é prejudicial, pois o ideal é você esquecer do ator e focar no biografado). Isso ocorre nas cenas de canto, nas cenas dela mais jovem, nas cenas sóbrias, mas Marisafica realmente boa no cerne da produção, que é sua interação com Jack O’Connell.

Em suma, ‘ Back to Black’ faz uma jornada emocional sobre um dos maiores álbuns musicais do século XXI e mostra uma Amy Winehousecomo ela gostaria de ser vista e lembrada – mas não exatamente como ela foi de fato. Aliás, é com esta frase que o filme começa. É um filme irregular, mas, ainda assim, um bom filme.

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