Crítica | A Suspeita – Glória Pires IMPRESSIONA em Suspense Policial Angustiante

Quando lemos ou assistimos a um suspense policial, geralmente encontramos um protagonista masculino e personagens mais ou menos bem resolvidos, com conflitos pessoais problematizados apenas o suficiente para serem resolvidos dentro do próprio enredo. Tendemos a pensar nesses protagonistas como homens jovens e ágeis ou, ainda, mais maduros e repletos de experiência, ao ponto de não se deixarem enganar por qualquer um do sistema. Mas o universo policialtambém é composto por muitas mulheres competentes, que, aos poucos, vão ganhando também protagonismo no universo cinematográfico, como em ‘ A Suspeita’, novo suspensenacional que estreia essa semana nas salas de cinema de todo o país.

Lúcia( Glória Pires) é uma comissária exemplar da polícia civil do Rio de Janeiro. Prestes a se aposentar, após trinta anos de dedicação e abdicação de sua vida pessoal, ela segue trabalhando, sem deixar a peteca cair. Porém, quando começa a investigar seu último caso, percebe que há conexões entre o chefe do tráfico, Beto( Daniel Bouzas), e pessoas a seu redor, o que fará com que Lúcianão possa confiar em mais ninguém – nem em si mesma, uma vez que está diagnosticada com Alzheimer e sua memória anda traindo-a quando está em ação. É quando toda a sua competência será literalmente colocada à prova em sua vida.

Em duas horas de duração ‘ A Suspeita’ traz um complexo drama policial cujo desenvolvimento é tão sinuoso de se acompanhar quanto o é para a sua protagonista. Essa é a grande sacada do roteiro de Thiago Dottori: construir um quebra-cabeças não tanto com relação a quem é bonzinho e quem é malvado na história, mas sim tal como uma colcha de retalhos em cujos elementos e memórias vão se agrupando ou se afastando a medida que a protagonista consegue entendê-los a partir de sua condição de portadora de Alzheimer. Ou seja, ironicamente, apesar de o nome dela ser Lúcia, nada para esta personagem é lúcido ou iluminado. Nem para a gente.

Com uma história profunda, dramática e muitas vezes angustiantes – ponto para a surpreendente atuação de Glória Pires, em transmitir a sutileza que é os lapsos que acometem repentinamente essas pessoas, desconectando-as do momento presente –, o suspense policial em si fica em segundo plano, demonstrando que a grande aposta do diretor Pedro Peregrino(estreante em longas de ficção) não é a de fazer o suspenserecair na investigação, mas sim na condição da protagonista em concluir o caso ou não. Isso se reflete nas muitas cenas em que Lúciacomeça já congelada, perdida, como se ela mesma estivesse aguardando um comando para seguir com o que estava fazendo, bem como também no jogo de câmera que borra a exatidão da imagem em muitos momentos, tornando aquilo que vemos tão confuso quanto o é para a protagonista.

A Suspeita’ é, assim, mais inclinado para o drama do que para os clássicos suspenses de policialversus bandido. Mais que isso, demonstra a injustiça dessas doenças que pode acometer a qualquer um de nós, e como elas têm impacto naqueles ao redor. Se por um lado a doença é injusta, por outro Lúciabusca essa justiça pela idoneidade de sua carreira, e é esse tipo de profundidade que o espectador pode esperar em mais este bom filme nacional.

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